Dia desses, almoçando aqui pertinho, acabei escutando a conversa de uma mesa vizinha (sim, é muito feio fazer isso tsc tsc tsc)... E elas estavam falando sobre o Natal...
Na hora meu pensamento foi longe. Onde? Em uma cena completa: pessoas felizes, crianças correndo ao redor, aquela fraternidade no ar, mesa farta, música feliz, uma árvore de Natal lindaaaaa!!! Sim, parece coisa de novela, né. Mas saiu dos meus sonhos e desejos mais profundos. Claro que isso tudo é bonito, mas não se sustenta durante o ano. As famílias costumam se unir no Natal (e quando fazem isso!), mas no restante do ano é cada um para o seu lado. Mas esse ano eu queria justamente comemorar a família. A minha família. Queria dar as boas vindas para uma família que nasceu esse ano: a minha, eu e marido!!!
E isso me traz uma felicidade tão grande, uma emoção tão grande, que foi impossível não me emocionar, tanto agora quanto no restaurante cheio de gente daquele dia. Uma emoção boba, sabe, ingênua também. Por estar construindo uma família. Simples assim.
Claro que de fácil isso não tem nada. Construir uma família, criar filhos não é nada fácil. Mas, acima de todas as dificuldades que eu e marido já passamos, pelas outros montes que provavelmente iremos passar, eu queria, nesse Natal, mais do que nunca, brindar pela vida.
É claro que as coisas nem sempre são tão maravilhosas quanto parecem. Nem a vida é tão fácil como costumam tanto pregar. Vivemos porque somos insistentes. Porque não desistimos. Mesmo quando os dias surgem com lágrimas. Mesmo quando um novo amanhecer não significa exatamente novas esperanças. Mesmo assim a gente continua. Continua por esperar algo melhor. Por querer algo melhor.
Mas realmente não basta apenas querer. Não adianta ficar quietinha, paradinha, pedindo aos céus. Isso não conta.
Conta se o seu silêncio for sinal de conversa interior. Autodescobrimento.
Descobrir-se. Conhecer-se. Saber suas características. Todas elas, tanto as que te facilitam quanto e, principalmente, aquelas que te complicam a vida também. Porque é se conhecendo que podemos nos perguntar "e agora?". Ou então corremos o risco de ficar por ai, andando, andando sem saber para onde ir, sem saber para onde estamos indo.
Não, não falo para pregar nada. Longe de mim isso. A verdade é que falo para mim mesma. Assim como em uma análise que, ao falarmos em voz alta estamos falando para nós mesmos, escrever, para mim, é exatamente isso. Ao mesmo tempo que escrevo preciso ler para mim mesma. E assim vou me dando conta. Minha ousadia é falar isso e, quem sabe, encontrar um eco em algum lugar. Em mim mesma...
Tenho esperanças mil, mas ainda não sei para onde ir. Às vezes me pergunto se um dia saberei. E também não sei responder essa pergunta. Claro que as vezes penso em desistir de buscar. De fazer o mesmo que tanta e tanta gente. Apenas acordar, fazer o que se deve e pronto. Mas aqui dentro de mim, mas forte do que mim mesma, eu não consigo. Tem algo em mim que me impulsiona para algo que eu não sei o que é. E esse sentimento, tanto quanto louco e indecifrável, é o que me faz continuar, não desistir.
Escrever, nesse momento, é mais do que um simples passatempo. É uma forma de não enlouquecer (por mais que parece que eu já esteja rsrs). Agora, com tantas mudanças que vieram tão de repente, trabalhando de casa, longe de tantos queridos, sem a risada despretensiosa no meio do dia, ou o almoço com companhias tão prazerosas, com tudo isso, escrever se tornou algo bem maior. Uma forma de falar. Uma forma de conversa. Uma forma de ficar sã, sabe. Uma forma de encontrar um eco em algum lugar, além de em mim mesma. De manter as idéias em ordem.
Tenho me permitido cada vez estar sozinha. Não com aquela solidão pesada que vem com tristeza e dor. Mas um estar sozinha para poder ouvir a mim mesma. Olhar pela janela e, olhando para horizonte, ver a mim mesma. E, ao olhar para esse céu cinzento ou para os carros que surgem a cada segundo, conseguir enxergar o que eu ainda não consegui ou não pude ver.
Se eu pudesse resumir assim, bem simples, o que eu busco, seria "me conhecer melhor". Ousado, eu sei. Mas quem disse que não seria?