terça-feira, 12 de outubro de 2010

Se tão contrário a si é o mesmo Amor

Amor é um fogo que arde sem se ver
Luís Vaz de Camões

Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

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Saudade... SAUDADE. Saudaaaaadeeeee!
Falta de. Falta de alguém? Ou falta de si próprio?

Sentimento que pode inflamar o corpo, dominar pensamentos, fazer agir sem pensar. Chega a doer, todas as células vibrando em sintonia. Entretanto, sintonia que não é a sua. É outro ser. Algo sem controle. Sem rumo. Sem direção. Vício. Viajante sem planos. Trem descarrilado.

Mas é preciso tomar o leme desse barco. Não há como prosseguir sem direção. Deixar os dias seguirem sem planejamento. Somos os protagonistas de nossas próprias histórias. Não há como fingir. Como não querer ver. Responsáveis por cada uma de nossas atitudes. Inclusive por aquelas que não tomamos. Escolhas que deixamos na mão do outro. Somos responsáveis pela não escolha. Por não decidirmos por nós mesmo. Nossas escolhas e, principalmente, a falta delas, geram consequências que não podemos nos opor a receber.

Escolhas. Boas. Ruins. Mas sempre escolhas nossas.

Escolha de sentir saudade. Saudade do passado. Do presente. Do que ainda nem veio ainda. Do outro. De quem está ao nosso lado fisicamente. De quem está prestes a partir. Do beijo roubado. Do romantismo a beira da praia. Mãos apertadas furtivamente. Do desejo escondido. Do que não pode ser dito. Daquilo que não há como ser dito. Do sorriso e brilho no olhar guardados em uma fotografia. Saudade do que nem sabemos. Simplesmente saudade.

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